Tudo aconteceu de forma normal.
O despertar matinal, a correria em busca da vida.O banho compartilhado, a pouca conversa no breva café da manhã. Você naquela camisa preta que te proporcionava um ar de mistério e eu vislumbrado com esse seu ar mesmo depois de tanto tempo. Assim seguimos cada um a rotina da vida. Aliás seguimos caminhos diferentes, você seguiu a vida, eu segui a rotina, e no fim voltei mais uma vez para nosso frágil castelo sedimentado sobre poucas verdades e muitas desventuras e diferenças. Erámos felizes ou pelo menos fingíamos ser para assim não tornar tudo mais dolorido.
No final daquele dia sentei-me, como de costume, naquele cantinho que ingenuamente chamavámos de cantinho de dois. Esperei mas você não veio, no ínicio me preocupei, no meio me desesperei e bem depois, lá no final me resignei. Não sabia ao certo como tinha acontecido, mas sabia que tinha acontecido. Você não voltaria, nem hoje, nem amanhã e nem depois, essa era a verdade imutável daquele momento. Na preocupação te busquei, no desespero procurei e achei, sem muita dificuldade, o porque de tudo isso. Já não erámos mais oque um dia fomos, já não erámos mais os caras apaixonados e utópicos que um dia palnejaram e construiram muitas coisas juntos. Não viámos mais um no outro a razão de estar ali, a ideologia que um dia nos juntou, agora havia se partido e a ponte imaginária que nos dava acesso um ao outro, já não era mais uma obra concreta e sedimentada.
Na resignação me conformei com o golpe, afinal era tudo oque sempre esperei, sem medos e sem dramas. Me entreguei a você, como um prisioneiro de guerra se entrega ao exercíto inimigo, me desfiz de tudo e o golpe certeiro e final era somente oque me restava. Não culpei você, não culpei a mim, isso seria pura covardia e hipocrisia. Chorei, não sei ao certo quanto tempo, só sei que chorei o tempo em que o sol não se fez presente. Mas não chorei pela partida, nem pela solidão que você sabe, nunca foi uma esfinge destruidora para mim. Chorei pelo fracasso de um longo período de vida, por planos feitos juntos e que não foram nada, chorei pela pequenês da vida humana que pode ser desfeita em um instante, chorei para lavar a alma, para me apresentar a nova vida que nascia aos meus pés.
Pensei e como pensei, e vi o quão difícil é trocar os pronomes, o quão árduo e dolorido é trocar o nosso pelo meu, tão vazio. A partir daquele momento a vida perdia um pilar e tudo que antes era sustentado por dois pilares, teria que se sustentar somente em um e talvez, o mais fraco.
Não vi culpa em você, afinal você botou em prática oque sempre admirei no seu ser, sua coragem, e isso so me fez achar mais coisas boas em você pois você achou coragem para seguir sua vida da forma que achou que devia ser. Colocou em prática a nossa antinga vontade de simplesmente cair no mundo e sair por ai, só que dessa vez sem contar comigo, sem planejar de forma dupla. Você foi ser feliz e isso é sempre uam opção louvável.
Depois de tudo me levantei, fazia frio nesse dia, um frio cortante e perturbador. Mas tive que entender que a partir daquele momento, somente eu faria o meu verão, somente a minha vontade de superar seria essencial. Não peço que vá nem peço que volte, peço somente que tanto tempo não seja uma lembrança sem e cor e nem cheiro que você tenta espantar toda vez que por ventura vier a sua cabeça.
A casa continuará a mesma, as sua coias sempre estarão aqui, não para esperar sua volta, mas simpara lembrar que um dia eu tive uma vida e vivi nesse espaço de existência, a vida que um dia pintei para mim.